Uns preferem a MÃO, outros a CONTRAMÃO; e você, prefere o quê?

21 de dezembro de 2012

O MUNDO NÃO (SE) ACABOU! E AGORA, JOSÉ?



O Calendário não falhou; os Maias, menos ainda! O que aconteceu, então? Muito simples: em uma sociedade, que beira à exacerbação de seus próprios valores, cada vez mais monetarizados, onde o Capitalismo é o próprio vômito coletivo, produziu-se, em escala planetária, uma propaganda inteligente, que atingiu os bilhões de mentes vivas e colocou a Humanidade sob o terror do fim dos tempos. A partir desta constatação, a tese é inequívoca: vendeu-se a ideia fabulosa, perversa, maquiavélica e rentável, é claro, do fim do mundo com direito a tudo: da construção de arcas de Noé, versão scifi, kits de sobrevivência, estoques de alimentos vultosos, abrigos subterrâneos caríssimos, manuais religiosos, ideologias esotéricas, filmes e vídeos, ao estilo do cinema catástrofe, até seriados e documentários de televisão sobre o tema; a lista é interminável!


A indústria do medo vendeu horrores, literalmente. (o trocadilho é oportuno, diga-se de passagem!) Mais horrorosos, para não dizer tolos, foram aqueles que embarcaram de corpo e alma neste pesadelo, e vão ficar, ainda, a ver muitos navios, pois não virá asteróide para se chocar com a Terra, não aparecerá o segundo sol para assombrar a Humanidade e nem o famoso planeta X, cujas versões foram até alvo de especulações de toda ordem; tanto por parte dos defensores do Apocalipse Now como por parte das autoridades oficiais, que desfizeram todas as estórias transversais sobre o evento mais conhecido como Doomsday (o dia do juízo). A própria NASA teve que vir a público para declarar, com precisão e clareza, que o mundo não acabaria em 21 de dezembro de 2012, conforme interpretações equivocadas das profecias maias. (E não acabará, é claro!).


O estrago, no entanto, já está feito, porque eu, por exemplo, na condição de bloguista, ao elaborar este texto, gratuitamente, pensei nas cifras bilionárias que um grupo reduzido de pessoas neste planeta lucrou, e ainda está lucrando, com esta ideia estapafúrdia. E como as pessoas não são guiadas pela inteligência e, sim, pela estupidez, que é uma porta aberta para um convite à ignorância, ao pavor, à ansiedade e à total falta de fé, o resultado só poderia ser este: uma turba de mortos vivos e manipulados rumando para um abismo sem fim! Para estes, sim, eu posso afirmar que o mundo acabou três vezes. Primeiro, porque compraram o verdadeiro sonho dos absurdos a um custo altíssimo sem direito à devolução de suas economias, caso o mundo não (se) acabasse; segundo, porque, ao despertarem de suas bizarrices, hoje, dia 21 de dezembro, cairão no desespero por terem sido enganadas, de forma cruel! Terceiro, porque uma vez desesperadas, ficarão prostradas e decepcionadas. Agora, eu pergunto: desapontadas com quem ou com quê? Com quem deu a rasteira nelas, ludibriando-as até à alma? Consigo mesmas porque reconheceram que são destituídas de bom senso? Ou com o fim do mundo que não veio? Os sobreviventes do fim do mundo se prepararam tanto para se acabarem no meio do dilúvio, do enxofre e da labareda cósmica, que viram que foi tudo em vão... Pobres heróis sem nunca terem sido porque devem estar todos em depressão profunda! Outra pergunta básica: com quem elas vão se queixar? Com o bispo? Acho que não. Vão ter que chorar no travesseiro porque lá é lugar quente! Essa é a minha dedução, no melhor dos mundos!


O mundo, em tempos de internet, tem que entender, de uma vez por todas, que aquele velho e sábio provérbio voltou a imperar, com força total, nos dias que antecederiam o fim do mundo, que não houve. A saber: quem conta um conto, aumenta um ponto! E qualquer pessoa, com um nível mínimo de raciocínio, vai concluir que as ferramentas e os tempos mudaram, mas o Homem continua sendo aquele megalômano de sempre: ouve uma estória aqui, aumenta um pouquinho ali, reconta de outro modo acolá, e vai acrescentando fatos que não existiam na versão original. O que quero dizer com isso? Mais claro do que detergente neutro, impossível! O mundo ficou pequeno demais na era irreversível da www! Completamente conectado, o planeta é torpedeado, acima da velocidade da luz, com informações de toda ordem e vindas de todos os lugares. Muita comunicação, pouca análise e ninguém busca saber a veracidade do que é veiculado na internet. E a natureza humana, inclinada às maledicências, desde os tempos de Adão e Eva, não mudou absolutamente em nada; e a fofoca se espalha na tal aldeia global feito pandemia de gripe. O Homem é uma verdadeira "maria vai com as outras"!


Assim aconteceu com a tal estória do fim do mundo. Não ao desejo psicopatológico, que só em pensar no final do tempos, o Homem já morre antes da hora, e nem pela inexplicável contradição que o faz ser atraído pela ideia apocalíptica, algo que sempre perseguiu a Humanidade; mas àqueles que se deixaram levar por uma distorção proposital feita por um bando de espertalhões acerca de uma verdade, que jamais vaticinou o fim dos dias ou qualquer coisa que o valha. O Calendário Maia, para esclarecimento geral, passa e passará do dia 21 de dezembro de 2012, e tem, muitos anos pela frente, ainda; isto considerando os cálculos mínimos e previsíveis.  Há quem afirme que a duração do referido calendário é limitado, e, que, portanto, chegaria ao fim após 5.200 anos. Entretanto, há quem diga o contrário: que os tuns, katuns e baktuns (períodos de contagem longa do tempo de acordo com o famoso calendário maia) são de escala infinita. Moral da estória: o blá, blá, blá foi geral porque descontextualizaram uma profecia, que narra o final de um ciclo, cuja data, segundo os próprios Maias é 21/12/12; e muita gente escorregou na casca da banana.


Só resta aos finalistas de plantão e aos alienados da internet, que são incapazes de buscar as informações corretas e críveis, aceitar o fato: O MUNDO NÃO ACABOU E NEM VAI ACABAR TÃO CEDO! Por essas e outras, eu prefiro ser Carmen Miranda, que em 1938, já tinha gravado a bela composição do grande Assis Valente "E o mundo não se acabou". Aliás, naquela época, quando os Maias não eram conhecidos das grandes massas, os calendários eram de papel, pendurados na parede, e o rádio era a mídia mais avançada, a estória do fim do mundo já perambulava por aí, tentando tragar os medrosos e os fracos de espírito para os ralos da ignorância!


E como o grande cataclismo global, tão propalado e tão badalado, frustou todo mundo e o mundo todo, neste 21 de dezembro de 2012, que tal redescobrir, nas ondas virtuais, a impecável canção, um legítimo samba-choro, "E o mundo não se acabou", de Assis Valente, nas vozes de duas grandes estrelas da MPB, Paula Toller e Sandy?





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