Uns preferem a MÃO, outros a CONTRAMÃO; e você, prefere o quê?

2 de novembro de 2011

COMO É BOM MORRER NO TRÂNSITO!



A frase exclamativa, que intitula o texto em questão, não poderia ser mais medonha; não deveria ser mais realista. Mas, lamentavelmente, é. Esta afirmação, que nada tem de heróica ou de prestígio, é a fotografia fidedigna do que acontece nos aproximados 1,5 milhão de estradas existentes no Brasil, dos quais apenas 213 rodovias são pavimentadas no país, que, ao invés de integrar lugares e pessoas, encurtando distâncias, desintegra vidas e aumenta fossos consideráveis no que tange à complexa e mal fadada estrutura da máquina governamental no quesito Transportes em todos os níveis.

Inicia-se aqui, portanto, não a nossa trajetória mítica por mais um capítulo da desolada estória de um país, que aspira adentrar o seleto clube das nações desenvolvidas e civilizadas; ao contrário, tomando de assalto o clássico e famoso chamamento da lendária mulher, que, com sua voz forte, dava a largada à mais cara corrida de automóveis no mundo, no legendário circuito de Indianópolis, nos Estados Unidos, a escrita sobre quatro rodas tem a missão inequívoca de ser um convite à rota de colisão. Assim, para consagrar o rito que virou rito e glamour: Ladies and gentlemen, start your engines!

É aterroradora a constatação, que deixou de ser crítica para se tornar em fato crônico, de que os números em acidentes fatais, no trânsito brasileiro, crescem em proporções gigantescas, mostrando, na prática, o fracasso das políticas públicas para o setor, que é da responsabilidade do Ministério dos Transportes. O mote de que todos os problemas que deveriam ser geridos pelas esferas governamentais, também seriam da responsabiliade civil, perdeu o fôlego, assim como milhares de vidas, que são ceifadas, a cada minuto, nas estradas brasileiras, sejam motoristas, caronas, pedestres e/ou transeuntes. Ninguém escapa à fatia de um bolo solado, pesado, sem gosto e nada saudável!

Todos nós sabemos que o Ministério dos Transportes sempre foi um elefante branco, uma pirâmide brasileira, que reduz a pó a imbatível e milenar pirâmide de Gizé, no Egito, no que concerne a enigmas. Cifras vultosas são destinadas àquela pasta; além dos sanguinários impostos que são cobrados todos os anos aos condutores de veículos automotivos, e que servem para engordar o paquiderme que é o MT e toda sua rede marcada pela inoperância e incompetência, há décadas no Brasil. A saber: o Dnit, o Denatran e os Detrans estaduais. O montante recolhido por estes órgãos, que deveria ser aplicado na ampliação da malha rodoviária do país bem como a sua manutenção, para modernizar as estradas e reduzir drasticamente os acidentes  de trânsito, simplesmente desaparece da visão de todos como um coelho na cartola de um charlatão. E isso acontece há muito tempo no Brasil, desde os tempos sombrios da ditadura militar, que cunhou no imaginário de um povo cordeiro e pacífico, manipulado como gado por nossos algozes históricos, o seguinte lema: "Brasil - integre-o para não entregá-lo." Entregue, o país não foi, ou será que foi? Mas, infelizmente, integrado o nosso país não está. Quando sabemos que as estradas matam, em verdade, a conclusão é a mais óbvia: a vida se desintegrou por completo.

Os índices que determinam os acidentes no trânsito, com vítimas fatais ou não, parecem insolúveis para vários governos, representados nas esferas municipal, estadual e federal, respectivamente. A inoperância das ações daqueles e a percepção clara da sociedade civil, que testemunha, também engessada, a falta total de articulação entre os órgãos, as autoridades responsáveis pelo setor e os legisladores, são verdades irrefutáveis diante do caos que se instalou no país, que, paradoxalmente, detém o 6º lugar no mundo em produção de automóveis. Produzimos tantos automóveis em proporção fenomenal ao número de vítimas que são mortas nas tragédias urbanas, que já se tornaram cenas comuns em jornais, periódicos, noticiários etc. E as discussões sobre as alterações no código nacional de trânsito se arrastam no Congresso Nacional bem como a criação de uma lei mais eficaz que minimize os prejuízos causados por uma anomalia, que é a má utilização dos veículos automotivos de toda ordem. O que era para ser um bem de consumo durável para proporcionar conforto e lazer, já que ter um carro ou uma moto há muito deixara de ser privilégio de poucos, se tornou em um mal. O prazer atualmente mata, e mata sobre rodas!

O problema envolve vários segmentos sociais, e as conseqüências são desastrosas no curto, no médio e no longo prazos devidos. Para um observador leigo, um acidente é e será sempre um acidente, o que é óbvio,  é claro; mas para um analista de fenônemos sociais, um acidente ultrapassa a aparente expectação de uma cena espetacular com efeitos trágicos ou traumáticos para um indivíduo ou para um grupo de pessoas. Em geral, no Brasil, e também não é diferente no resto do mundo, os condutores de veículos automotivos, sejam os de quatro rodas, os carros, ou os de duas rodas, as motocicletas, são do gênero masculino. Tal constatação deflagra um cenário que põe em risco a estrutura da pirâmide social, vista pelo prisma da distribuição quantitativa entre homens e mulheres na sociedade e o efeito devastador, que desequilibra o prumo e faz os grupos sociais terem mais homens e menos mulheres. Isto não é pontual, está aqui, alhures, e em todos os lugares. No médio e longo prazos, portanto, ao redor do mundo, teremos números apavorantes no que tange à distribuição proporcional de homens e mulheres em grupos sociais. É imperante ressaltar que é perceptível esse aumento considerável, uma vez que os homens, por portarem e manipularem armas de fogo, já são as maiores vítimas, em número, no item relativo aos crimes por uso daquelas, nos quais as referidas armas são responsáveis pela diminuição maciça da população masculina no planeta. A morte no trânsito, neste sentido, só agrava a violência e sua escalada sem limites no horizonte das sociedades ditas modernas.

Um olhar radical sobre a questão, a meu ver, incidirá sobre o ponto de estrangulamento, que acomete o sistema, cuja operância, eficácia e permanência da sobrevida daquele dependerá única e exclusivamente da consciência das autoridades, instituições e órgãos afins acerca de um tema que deve ser enfrentado por todos, caso o caos no trânsito nas metrópoles desordenadas dos ex-países do antigo Terceiro Mundo, agora na refinada classe executiva que emergiu, como o Brasil, se transforme e se consolide, para o desespero e desvario de todos, em apocalipse, sem qualquer hiperbolismo ou fatalismo de quem quer que seja. A saber: EDUCAÇÃO.

A violência urbana, no que tange a acidentes de trânsito, de toda ordem, com ou sem vítimas fatais, já ratificado anteriormente, é, inequivocamente, um assunto subordinado à segurança pública. Entretanto, antes de ser um problema de segurança, sem quaisquer predicativos, é, afirmativamente, um problema de educação. Motoristas e pedestres reproduzem nas estradas, nas ruas e nos asfaltos a boa educação, a má educação ou, infelizmente, a  falta total de educação, pois há um ditado popular que sabiamente sintetiza esse pensamento: "o hábito de casa vai à praça." Assim se comportam todos. O mais grave neste painel é justamente aquele ou aquelas pessoas, educadas, que sofrem com o ensandecimento dos mal educados que circulam por aí, pela ótica de quem conduz um veículo ou de quem anda a pé ou de bicicleta. A regra da boa educação e da boa convivência entre os civilizados vale para os dois lados: é uma via de mão dupla!

Penso, convictamente, de que temas como primeiros socorros, educação sexual e comportamento no trânsito devam ser tópicos obrigatórios e constantes nos currículos escolares do ensino fundamental. Esses e outros assuntos são, com efeito, questões de cidadania. A cidadania é um aprendizado que deve ser ensinado em casa, através de dois pilares fundamentais e que corroboram o que se entende por príncipios: a Ética e a Moral. À escola caberia nortear, como ambiente de socialização, a práxis de uma parcela microscópica da sociedade, que seria preparada para tomar as rédeas dos direitos e deveres, a serem exercidos pelos alunos, como futuros cidadãos, de forma saudável, consciente e equilibrada. À vida seria restituído o valor inalienável e imponderável, que é o de viver na plenitude do gozo de todos os bens a que todo ser humano tem direito; e o respeito mútuo, desse modo, voltaria a ser a norma universal, que balizaria os dois lados de uma balança gêmea e eqüitativa.

A violência no trânsito no Brasil, em 2010, atingiu a cifra de 32% de óbitos, em um universo masculino, compreendendo a faixa etária de 18 - 24 anos; e, ampliando as estatísticas para um espectro mais abrangente, a cifra atingiu a nefasta casa dos 57%, na qual a parcela de mulheres presentes nos quadros de amostragens, seja por regiões no país ou na totalidade é inexpressiva, sacramentando o fato crescente de que no médio prazo a nossa sociedade será composta, por vias não naturais, de mais mulheres do que de homens; e no longo prazo haverá, por conseguinte, um descréscimo quantitativo de indivíduos masculinos nos grupos sociais, e o desequilibrio será descomunal.

O Brasil ocupa o desonroso 10° lugar em acidentes de transportes, em vias públicas e privadas; e este problema, já salientado aqui, por ser um tema eminentemente educacional, é um dos entraves claros para que a 7ª economia do planeta seja reconhecida pela comunidade internacional como uma nação que emergiu e que possa ocupar, com distinção, o seu lugar como país civilizado ao lado de outras nações desenvolvidas, que respeita leis, cidadãos; e que, acima de tudo, educa a sua população, de fato e de direito.

Cursos relâmpagos em auto-escolas, candidatos despreparados, bafômetros nas estradas para os motoristas alcoolizados, rodovias mal conservadas, falta de fiscalização, corrupção em todos os níveis, gangues especializadas na fabricação de carteiras de habilitação falsas; e outros tantos disparates concorrem para o descalabro, em que se tornou o trânsito na malha viária por todo território nacional; refletindo, em última análise, o atraso, a incompetência, a falta de gestão, o desrespeito à vida e a perda dos valores reais da Cidadania.

Os gregos, com sua Paidéia, formavam o cidadão helênico para a vida, exercendo os plenos direitos da democracia na Antigüidade Clássica, e cumprindo, de forma consciente todos os seus deveres para que o Estado funcionasse, a contento. Naquela época, veículos não existiam nem tampouco trânsitos engarrafados e indivíduos infratores das leis, que eram, estas últimas, acima de tudo, a baliza máxima para manter a boa convivência entre o povo e suas autoridades. Caso existissem os veículos e, claro, com seus proprietários e condutores, certamente, não haveria necessidade de faixas, sinais, códigos, aparelhos repressores, fiscalização na vastidão que foi a Grécia no apogeu de seus domínios. Como eram educados e todos se respeitavam, mutuamente, a vida seria preservada, e jamais haveria um óbito sequer no tempo da comédia e da tragédia. Ninguém morreria no trânsito porque o Caos seria, como é, uma bela imagem da mitologia que criou o mundo, e o lema seria outro: como é bom viver no trânsito!


NA MÃO...













  • Na última segunda - feira, dia 31 de outubro, se estivesse vivo, Carlos Drummond de Andrade completaria 109 anos de idade; e, por iniciativa do Instituto Moreira Salles, foi lançada a campanha nacional pelo dia D (dia do Drummond), a ser incluído no calendário das comemorações culturais do país, para homenagear este que foi o maior poeta brasileiro de todos os tempos: Carlos Drummond de Andrade. Salve o inesquecível Drummond, salve o dia D!





    • A interpretação arrebatadora da atriz Lilia Cabral, no papel da personagem Griselda (Pereirão, o marido de aluguel), na novela Fina Estampa, de Aguinaldo Silva - o atual folhetim da TV Globo, no ar, diariamente, às 21 horas. A atriz, que protagoniza, pela primeira vez, uma telenovela, é a única artista brasileira a ser indicada 2 vezes ao prêmio Emmy, considerado o Oscar da televisão internacional, na categoria de melhor atriz estrangeira por sua atuação impecável nas novelas Página da Vida, interpretando a personagem Marta, uma das vilãs naquela trama, e a personagem Tereza, de Viver a Vida, respectivamente.




    • O dia 31 de outubro de 2011 entrou para a História como o dia em que a população mundial atingiu a incrível marca de 7 bilhões de pessoas espalhadas nos cinco continentes. O crescimento populacional é liderado pela Ásia seguida pela África. O nascimento de Danica Maia Camacho, nas Filipinas, foi escolhido como o símbolo do número da megapopulação de humanos na Terra. Os desafios são muitos nas décadas vindouras, pois segundo cálculos estatísticos, a população mundial ultrapassará a casa dos 9 bilhões por volta do ano de 2050. Celebremos a vitória da vida: vida longa para Danica, vida longa para o Planeta Terra!




      NA CONTRAMÃO...














      • O fiasco que foi mais uma vez a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio - o ENEM. A versão 2010 já tinha sido uma prova cabal de que o Ministério da Educação e Cultura, Inep e os tutores do exame, que visa a universalizar, no Brasil, o método para o ingresso no ensino superior público, são completamente incompetentes para gerir o processo com a lisura e a transparência que aquele deveria ter. A experiência passada não foi aprendida por aqueles que se dizem capacitados para gestar a educação no Brasil, e, como não fizeram o dever de casa direito, o país assiste a mais uma trapalhada do exame, quando 14 questões, de um dos cadernos, vazaram e foram aplicadas por um colégio particular, no estado do Ceará. A Justiça Federal naquele estado anulou as questões vazadas, e cabe, agora, ao Poder Executivo a manutenção do certame com as questões anuladas ou a anulação do concurso em nível nacional. 



        • O corte de 60 bilhões anuais efetivado pelos Estados Unidos à UNESCO por ser a primeira agência da ONU a reconhecer oficialmente a Palestina como Estado membro pleno da entidade. A medida faz parte de uma série de represálias, já anunciadas e em andamento pelo governo estadunidense, que, na contramão da história, pretende malograr o sonho palestino de ser aceito como país integrante das Organizações das Nações Unidas, no próximo dia 11 do corrente, quando o Conselho de Segurança se reunirá para decidir se aceita ou não o pedido formal de adesão da Palestina àquele organismo internacional. Mahmud Abbas, o presidente da autoridade nacional palestina, em 23 de setembro deste ano, apresentou, em assembleia histórica, o referido pedido de adesão à ONU e o reconhecimento para que a Palestina seja reconhecida como estado soberano, de fato e de direito.




        • A notícia que surpreendeu todos os brasileiros e o mundo sobre o câncer que está acometendo o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva - o Lula. Lula foi internado imediatamente, após a descoberta de um tumor maligno, de tamanho médio, na faringe, no Hospital Sírio-Libanês, no último final de semana. Em seguida, os médicos procederam aos primeiros exames e já inciararm o tratamento com quimioterapia. Ao ser liberado para repousar em casa, o ex-presidente já deu sinais de força e reação à doença, pois os sintomas esperados e desagradáveis, devido à aplicação do coquetel quimioterápico, segundo a junta médica, não causou indisposição no ex-presidente. Antes de o ex-presidente retornar à residência, ele, acompanhado de D. Mariza, a ex-primeira dama, gravou um vídeo, no qual, visivelmente emocionado e com a voz, ainda rouca, agradeceu a todos os brasileiros e amigos pelas manisfetações de solidariedade, preocupação e carinho dispensados a ele por mais esta batalha, segundo suas palavras.







        Nenhum comentário:

        Postar um comentário